Prazer de um lado em servir e de outra a controlar. Prazer de conduzir e de ser conduzida, de ultrapassar barreiras, norteando-se sempre pela segurança e bom senso, pela firmeza de caráter que define o BDSMista, ou pelo menos deveria definir.
Fora isso, a questão do com sexo ou sem sexo, com penetração ou não, é uma questão do par que ali se formou, independente da escolha das partes, o importante é ter o prazer na relação. Se ambos estão satisfeitos, não vejo o porque do problema. Há sempre a premissa da quebra do contrato para qualquer um dos lados que não esteja satisfeito com o relacionamento, premissa esta implícita na própria liturgia (se é que esta existe, hoje já começo a duvidar um pouco).
O que ocorre hoje e acho que sempre ocorreu no BDSM, porém de uma forma mais velada, é que muitos(as) procuram por namorados(as), por amantes; ainda por uma pegada diferente, mas sem que haja compromisso entre as partes; procuram por algo que não lhes é proporcionado em casa, entre tantas outras variantes. E acabam encontrando muitas vezes, mesmo que troquem de "Dono" ou "submissa" milhares de vezes no ano. Pois acredito que para cada panela há uma tampa certamente, e o BDSM, virou uma espécie de ponto de encontro para àqueles que querem algo diferente.
O porque disso? Porque há distorção no âmago da definição do BDSM aqui, porque a sociedade BDSMista aceita muitas vezes e até aplaude, porque todos nós, eu inclusive, muitas vezes fazemos vistas grossas.
Acredito sim, que todos tem direito à estes prazeres, é inerente ao ser humano buscar por eles.
Esquecem porém, que o BDSM não é o algo diferente. BDSM tem regras e regras claras para aqueles que querem ver, porém, em nome deste mesmo prazer que ele pode proporcionar, jamais foram escritas definitivamente, o que as tornaria engessadas por demais, então simplesmente dizemos que o BDSM é o SSC, RACK ou qualquer coisa assim, que tenha uma relação de troca de poderes consensual.
Agora posso afirmar, BDSM é isso sim, uma relação de troca de poderes consensual, onde um e apenas um manda e outro obedece, dentro de uma racionalidade e com parâmetros de segurança. Regido pela Liturgia (com mais ou com menos, não importa, mas que esta esteja presente). E ainda que nesta relação, as partes aceitem, na forma que é esta tal liturgia, sem ajustes pessoais, para dar um "jeitinho" nisso ou naquilo. BDSMista é estudioso da arte e com isso busca aprimorar sua técnica. É consciente do que faz e não um desmedido. Para o TOP, é cauteloso, pois sabe a preciosidade que tem em suas mãos (é uma vida a conduzir). E facilmente pode ser definido pela palavra austero.
Quem é BDSMista sabe que é. Aqueles que estão no meio somente para alcançar outros objetivos, também sabem, porém, sentem-se completamente confortável com a situação que se encontra a sociedade BDSMista hoje.
A questão que levanta, serve para os dois lados, "o que seria submissa de verdade" deve vir sempre acompanhado pelo "o que é ser Dominador de verdade"? E o que busca no BDSM? Com isso, acredito que a pessoa pode tornar-se mais consciente do que quer e saber definitivamente se é ou não BDSMista, ou então encontrar a resposta que tanto deseja. Lembrando sempre que quando adentra-se à um grupo, segue-se as regras ditadas pelo mesmo. O BDSMista se enquadra no BDSM e não o contrário.
Mas este é apenas meu ponto de vista.
(Publicada originalmene na lista BDSM)
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